O fechamento da Unidade de Exploração e Produção Sul da Petrobrás em Itajaí (UO-Sul) foi debatido, nesta segunda-feira (27), durante audiência pública promovida em conjunto pela Câmara de Vereadores de Itajaí e a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O evento aconteceu na sede do Legislativo itajaiense, com o plenário lotado e a presença de diversos deputados, vereadores e autoridades.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio, destacou a disposição de “brigar”, de forma suprapartidaria e comunitária, por uma estrutura que é conquista de Santa Catarina e de Itajaí. “Temos satisfação em nos associar ao movimento da comunidade. Precisamos debater tecnicamente, saber como foi avaliada a viabilidade econômica e financeira, mas também queremos debater a decisão política”, argumentou. Merisio manifestou a intenção de integrar uma comitiva de autoridades que irá ao Rio de Janeiro debater a situação com a direção da empresa.
A UO-Sul tem cerca de 150 funcionários, é a 5ª maior unidade de produção do país, com mais de 70 mil barris de petróleo por dia. O deputado Leonel Pavan (PSDB) disse que a permanência da unidade precisa ser defendida e apelou à sensibilidade de toda a classe política. “Por que tirar esse status que Santa Catarina conquistou a duras penas se não há prejuízo na permanência”, questionou o deputado, que propôs e presidiu a audiência.
O gerente geral da Unidade de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS), Osvaldo Kawakami, fez uma apresentação para explicar a decisão da Petrobras de transformar a UO-Sul em um ativo de produção. Ele disse que o prejuízo de R$ 21,6 bilhões registrado pela Petrobras no ano passado tem levado a empresa a tomar decisões pela paralisação de algumas atividades e projetos. Mas não é esse o caso de Itajaí. “Aqui não houve nenhuma decisão de paralisar, mas de fazer uma adequação da estrutura organizacional”, explicou. Conforme o gerente, a empresa vai integrar todo o polo sul na Bacia de Santos para otimizar a estrutura. “Não haverá alteração na produção, apenas na estrutura administrativa para reduzir custos.
Kawakami assegurou que os programas sociais e de pesquisa que a empresa apoia não serão afetados, uma vez que já são diretamente contratados pela UO-BS, nem passam pela unidade de Itajaí. “Os programas regionais vão continuar existindo.”
O presidente do Sindipetro PR/SC, Silvaney Bernardi, rebateu os argumentos de Kawakami e afirmou que a unidade é lucrativa, eficiente e tem um potencial enorme de crescimento. “Santa Catarina vai perder muito com o fechamento da unidade”, enfatizou. Ele sugeriu que a empresa suspenda a data de fechamento, prevista para 1° de maio, até a conclusão das negociações.
O presidente da Câmara de Vereadores de Itajaí, Luiz Pissetti, lembrou que Itajaí é um polo de construção naval, tem a maior frota pesqueira e é o principal polo náutico do país. “O fechamento a UO-Sul se refletirá diretamente na nossa economia, não haverá buscas por novas áreas de petróleo nem investimentos”, sentenciou. O prefeito de Itajaí, Jandir Bellini, disse que entende a decisão administrativa de criar um fato para mostrar aos acionistas que vai otimizar recursos. “Mas não aceitamos esse fato como decisão política e vamos nos movimentar para reverter isso.”
Participaram da audiência pública os deputados Rodrigo Minotto (PDT), Silvio Dreveck (PP), Ismael dos Santos (PSD), Vicente Caropreso (PSDB), Kennedy Nunes (PSD), Mario Marcondes (PR) e Jean Kuhlmann (PSD).